Sumário
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3
2 DESENVOLVIMENTO 4
2.1. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AOS SENTIDOS NO TRABALHO DE ATENÇÃO PLENA 4
2.1.1 O ESTÁGIO SENSITIVO-SOMÁTICO NO PROGRAMA DE 8 SEMANAS SEGUNDO WILLIAMS E PENMAN 5
2.2.1.1. Observando as cores da natureza- verde, azul e branca 11
2.2.1.2. Observando os movimentos das plantas e das águas 13
2.2.1.3. Respirando e recebendo a medicina do ar e da água 14
2.2.1.4 Ouvindo os sons da natureza 17
2.2.1.5. Sentindo pelo olfato: os aromas 18
2.2.1.6.O sentido do tato e a propriocepção na natureza 19
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 21
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24
O POTENCIAL DA NATUREZA NO TRABALHO DO DESPERTAR DOS SENTIDOS EM MINDFULNESS
RESUMO: O artigo aborda o potencial da natureza nos estágios iniciais do trabalho de mindfulness que é o despertar dos sentidos. Os ambientes verdes são restauradores naturais e promovem a recuperação psicofisiológica, o bem-estar, funções cognitivas e a saúde física, e devem ser utilizados como alternativa e complementares à terapia de atenção plena. A partir dos autores pesquisados, elege quais são os mais importantes processos biológicos e químicos que interagem entre os elementos da natureza, e como eles favorecem o trabalho da percepção dos sentidos. De forma didática, apresenta de forma isolada cada uma das faculdades sensoriais: visão, audição, olfato e tato. E dá exemplos de como cada um dos sentidos pode ser trabalhado nesta fase inicial do acompanhamento em mindfulness. Por fim, o autor enfatiza a capacidade das áreas verdes de despertarem emoções positivas como o encantamento e sobre a necessidade de educar as pessoas sobre a importância de se reconectarem com a natureza e entender suas leis, promovendo uma relação de cuidado e respeito com o meio ambiente, como um retorno às nossas origens.
PALAVRAS-CHAVE: Mindfulness na Natureza; Estágio Sensitivo-Somático; Potencial da Natureza para Cura; Mindfulness em Ambientes Alternativos.
ABSTRACT: The article addresses the potential of nature in the initial stages of mindfulness work, which is the awakening of the senses. Green environments are natural restoratives and promote psychophysiological recovery, well-being, cognitive functions and physical health, and should be used as an alternative and complementary to mindfulness therapy. Based on the authors researched, it selects the most important biological and chemical processes that interact between the elements of nature, and how they favor the work of the perception of the senses. In a didactic way, it presents each of the sensory faculties in isolation: vision, hearing, smell and touch. And it gives examples of how each of the senses can be worked on in this initial phase of mindfulness monitoring. Finally, the author emphasizes the ability of green areas to awaken positive emotions such as enchantment and the need to educate people about the importance of reconnecting with nature and understanding its laws, promoting a relationship of care and respect for the environment, as a return to our origins.
KEYWORDS: Mindfulness in Nature; Sensitive-Somatic Stage; Nature's Potential for Healing
; Mindfullness and Alternative Environments.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Mindfulness ou atenção plena é uma técnica que exercita a mente para focar a atenção de forma consciente e sem julgamento, no presente. Portanto, um dos pilares do mindfullnes é a atenção. As faculdades sensoriais audição, tato, olfato, visão e gustação se constituem como portas de entrada das informações externas, e também como sentidos que, quando despertados, estabelecem a conexão com o corpo, canal primordial e inicial para que estas informações sejam decodificadas pelas regiões corticais.
Como dito, a prática intencional aumenta a atenção da pessoa inicialmente a seu corpo, a partir do tato, da propriocepção e da interocepção. A seguir, se expande e permite ao indivíduo desidentificar das emoções e dos pensamentos e reagir de forma mais adaptativa a estes.
Os benefícios da técnica são amplamente reconhecidos e utilizados em várias abordagens terapêuticas, sendo que muitas delas são realizadas também em ambientes externos, muito embora poucas pesquisas abordam a importância do estudo de técnicas alternativas para promover o mindfullness. Este estudo foca no atendimento de Atenção Plena em ambientes externos e naturais os quais, pelas características que apresentamos neste artigo, potencializam a atenção do indivíduo de forma natural e espontânea e contribuem para o desenvolvimento da área de mindfulness.
A afirmação de que as experiências na natureza proporcionam às pessoas múltiplos benefícios para a saúde e o bem estar é corroborada por vários autores, ou seja, o ambiente natural apresenta potencial para o trabalho de mindfulness. Os ambientes externos realmente encantam e envolvem as pessoas e seu nível de atenção é mais eficiente, segundo a observação e prática do autor em seus trabalhos de facilitação da conexão de pessoas neste ecossistema.Os mecanismos pelos quais esses benefícios são entregues ainda não são bem compreendidos pois as pesquisas na área não são suficientes. A maioria delas, são feitas em outros continentes e fora dos ambientes verdes, ou seja, por fotos, vídeos, apps e realidade virtual, utilizando somente o canal sensorial da visão como instrumento de estudo e não a conexão com a natureza.
Por que a prática do mindfulness na natureza potencializa os sentidos da visão, tato, olfato, audição e gustação, fundamentais na prática da atenção ao corpo? E como estes elementos da natureza: as águas, plantas, pedras, terra, o vento, as cores, formas, aromas e densidades contribuem para as técnicas de atenção plena, no que diz respeito aos canais sensoriais?
Este artigo tem o objetivo de apresentar por que e como os elementos da natureza e seu funcionamento beneficiam o trabalho do despertar dos sentidos em mindfulness baseado em publicações na área. Afinal, o que a natureza oferece que, o tempo de atenção das pessoas quando expostas a estes ambientes, ao mesmo tempo que provê estados de relaxamento e saúde mental? Na fase inicial do trabalho de atenção plena ou quando a pessoa se encontra em um estado mental preocupado ou tenso, a mente tende a interromper o fluxo de atenção com maior frequência. Por que a natureza pode ser potencializadora de estados de relaxamento e atenção e diminuir a interferência mental?
A maioria das terapias baseadas em mindfulness realizam os atendimentos de seus pacientes em ambientes internos e controlados, sendo que este artigo pretende levantar dados sobre a potencialização dos resultados em ambientes externos. São consultados Williams & Penman, (2011, p. 44) como base da Terapia de Atenção Plena, Kaplan & Kaplan, (1989) que definem a Fadiga Atencional da vida urbana e suas importantes implicações na atenção e autores que estudam os efeitos das características físicas da natureza de forma isolada (KERR, 2013; HELLER, 2022); e interdependente (FRANCO et al, 2017) e suas relações com a mente e emoções.
2.1. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AOS SENTIDOS NO TRABALHO DE ATENÇÃO PLENA
As práticas das primeiras duas semanas em mindfulness focam na exploração do corpo, sem julgar ou analisar o que encontra, para que a seguir, a pessoa possa perceber também, quando a mente começa a divagar. Elas também ajudam na diferenciação entre “mente pensativa” e “mente sensitiva”, segundo Williams & Penman (2011, p. 44). Os autores acrescentam que quando a mente e os pensamentos flutuam, a pessoa que está sendo treinada, aprende a generalizar este feedback sensorial aos eventos mentais, promovendo uma base para o cultivo da metacognição que é o de se desidentificar dos pensamentos, em outras palavras, observá-los, sem interagir ou se entregar às emoções subjacentes.
Para Kerr “Enquanto muitos pesquisadores consideram Mindfullness um treino cognitivo, a estrutura alpha modulada, reorientou a compreensão de mindfulness como uma prática sensorial-de atenção e cognitiva”. (KERR et al, 2013, p. 10)
Segundo esta pesquisadora, a regulação aumentada da mente somática- em desatenção- pode ser um importante estágio do treinamento em mindfulness que leva a pessoa ao aumento da regulação cognitiva e metacognitiva. (KEER et al, 2013)
É aprendendo a conduzir as informações sensoriais que chegam ao cérebro vindas do corpo através do tálamo que começamos a aprender como aplicar com flexibilidade as lentes de atenção que são tão importantes na prática do mindfulness. A autora descreve que a atenção localizada e focada no corpo pode ser um mecanismo de entrada para aprender a usar a regulação tálamo-alfa cortical para suprimir informações sensoriais irrelevantes, mais do que somente uma terapia focada em figura-fundo (KEER et al, 2013).
Este artigo foca nas fases iniciais do trabalho de atenção plena, ou seja, na “Mente Sensitiva” descrita acima e a experiência da autora em seus “banhos de floresta”, como um importante estágio do treinamento em mindfulness, que veremos a seguir.
2.1.1 O ESTÁGIO SENSITIVO-SOMÁTICO NO PROGRAMA DE 8 SEMANAS SEGUNDO WILLIAMS E PENMAN
Na obra, Como encontrar a paz num mundo frenético os autores propõem uma sequência de 8 semanas de trabalho em mindfulness, sendo que nas primeiras quatro semanas do programa, a ênfase é em aprender a prestar atenção em diferentes aspectos do mundo interno e externo e as duas primeiras semanas são focadas na atenção ao corpo. Na semana um, a Meditação do Corpo e da Respiração estabiliza a mente, mostra e conecta a pessoa com seus sentidos. Estas práticas são simples mas fornecem a base essencial sobre as quais as outras meditações serão fundamentadas. A semana dois evolui no sentido da diferenciação entre o sentir e o perceber com o corpo e sentir e perceber com a mente, em outras palavras, pensar e experimentar. Segundo os autores; “nos esquecemos de experimentar o mundo através dos nossos sentidos” e nos entregamos às divagações da mente, de forma inconsciente. (WILLIAMS e PENMAN, 2011, p.43- 44).
Os autores em questão acrescentam, sobre a segunda semana do programa, que consta de uma “meditação simples” a da “Exploração do corpo” (WILLIAMS e PENMAN, 2011):
[...]para ajudá-lo a explorar a diferença entre pensar sobre uma sensação e experimentá-la. Passamos grande parte do tempo vivendo “em nossa cabeça” e nos esquecemos de experimentar o mundo através dos nossos sentidos. Essa meditação vai treinar sua mente para que você possa direcionar sua atenção para as sensações corporais sem julgar ou analisar o que encontra (WILLIAMS e PENMAN, 2011, p. 56)
Na prática, este trabalho inicial é desenvolvido em ambiente interno como a casa ou o trabalho, protegido do vento, do calor, em salas fechadas e normalmente a pessoa se encontra sentada em uma cadeira ou mesmo deitada. Ela usa fones de ouvidos, é guiada por uma gravação, ou por um terapeuta. Ou seja, em um ambiente preparado e controlado para a finalidade de prestar atenção ao corpo Uma das experiências propostas em seu livro, Como encontrar a paz num mundo frenético, Williams et al (cap.3, p. 53) sugerem a “Meditação do Chocolate” que se constitui de, no ambiente que a pessoa se encontra, abrir um chocolate e trabalhar seus canais sensoriais visão, olfato e gustação, explorando as características sonoras, visuais e gustativas deste evento. Em caso de percepção que a mente começa a divagar, eles sugerem trazê-la de volta ao presente. Da mesma forma, no cap.5, p. 66 eles apresentam a “Meditação da Uva”, que da mesma forma que a do chocolate, promove a atenção aos 5 sentidos: o cheiro, o toque da uva com a mão, as formas da uva, os movimentos da língua ao receber a uva na boca, a textura desta sobre a língua e na mastigação, a deglutição. Ao final, ele solicita que a pessoa atualize seu corpo e questiona como se sente após a experiência. Os relatos apresentados pelo autor, das pessoas que passam por esta experiência, são de surpresa, contentamento e maiores níveis de atenção aos detalhes. Na sequência e como esperado, o programa evolui para a percepção somática nas atividades diárias como escovar os dentes ou tomar banho, a respiração e scanners do corpo que facilitam a percepção de onde e como estão as suas várias partes.
Esta fase do trabalho é frequentemente realizada pelo autor deste artigo em ambientes naturais. A pessoa é convidada a contemplar as cores, formas e movimentos das plantas do vento e das águas e a natureza circundante, a partir do olhar. A seguir, é solicitado que a pessoa feche a janela da visão e ouça os sons presentes, focando no sentido da audição. Na sequência, os aromas e o peso do corpo no chão, a pressão do pé no solo, a temperatura e densidade da terra. Finalmente é solicitado para fechar as janelas da audição, do tato e olfato e centrar a atenção no corpo, iniciando, assim, as tarefas relacionadas à percepção corporal ou interocepção.Este mesmo exercício pode ser feito caminhando de olhos abertos na praia ou fechados, a pessoa sendo conduzida por um amigo e de inúmeras outras formas, dependendo do que o espaço natural ofereça como ferramenta.
As conclusões deste artigo serão úteis para que se obtenha recursos alternativos para um trabalho consistente e mais eficiente na fase da Mente Somática de mindfulness, quando se foca na percepção e domínio nas faculdades sensoriais, a seguir na interocepção ou propriocepção do corpo.
2.2. MINDFULNESS NA NATUREZA
Os estudos que indicam que a natureza, por sua estética e diferenciação envolvem as pessoas em estados de atenção mais altos datam da década de 80. Ulrich, R. (1981) apresentou às pessoas slides de ambientes com água e vegetação e concluiu que estes mantêm a atenção e interesse dos sujeitos de forma mais eficaz do que cenas urbanas.
É consenso entre os autores que a prática de mindfulness a longo prazo pode melhorar as capacidades de controle da atenção. Entretanto Lymeus et al (2017) através de testes de atenção à linguagem detectaram (LDST) efeitos negativos na fase inicial do tratamento. Estes são explicados pelo movimento de luta da pessoa para gerenciar, conscientemente, as distrações presentes. O autor, a partir das pesquisas realizadas com um grupo controle e grupos expostos a imagens da natureza durante o trabalho de mindfulness, afirma que os cenários naturais facilitam a prática nesta fase inicial, pelos momentos agradáveis e motivadores que ambientes externos promovem.
Kaplan & Kaplan, 1989 define e amplia o conceito de fadiga atencional. Segundo os autores, é o resultado do uso excessivo do mecanismo de inibir estímulos concorrentes, o que acontece na vida urbana e poluída das cidades. Quando tentam realizar atividades na presença de ruídos no ambiente externo ou de preocupações, os indivíduos gastam esforço inibitório maior para suprir as atividades cognitivas. A consequência deste overuse da atenção é a distração. Estes ainda relatam uma relação entre a vida urbana e a TDHA, quando apresentam a “Teoria da Restauração da Atenção ( ART)”. A partir de pesquisas em ambientes naturais, os pesquisadores indicaram que a exposição a ambientes verdes pode ajudar a manter ou restaurar a capacidade de direcionar a atenção,ou seja, focar e concentrar, quando esta capacidade está em fadiga.
Em 1995 estes mesmos pesquisadores elencaram os efeitos negativos da fadiga provocada pela atenção direta que são a irritabilidade, a falta de habilidade para planejar, a sensibilidade reduzida para perceber sinais ligados às relações interpessoais, o controle pessoal reduzido e o aumento de erros em atividades que exigem atenção direta. Os indivíduos necessitam de um esforço diário e constante para não perderem o foco de sua atenção direta para algo mais interessante (Kaplan et Kaplan, 1995).
Entendendo que estudantes universitários são grupos de risco para um estado de fadiga de atenção, Tennessem et al (1996) realizaram uma pesquisa com grupos de estudantes universitários expostos a janelas dos quartos com e sem natureza e concluíram que os residentes dos dormitórios com vistas mais naturais das suas janelas apresentam uma capacidade mais forte de direcionar a atenção do que aqueles com vistas menos naturais ou construídas.
O trabalho realizado por Webster (2011) demonstra que, das crianças que realizam atividades não estruturadas ao ar livre com regularidade, 78% são mais capazes de se concentrar e 75% tendem a ser mais criativas e mais capazes de resolver problemas. Em seu artigo Crianças com déficit de atenção se concentram melhor depois de uma caminhada no parque ,os pesquisadores da Universidade de Illinois comentam que diversos estudos indicam diferenças de performance da atenção nas pessoas expostas a diferentes ambientes físicos e em relação aos pacientes com TDHA acontece o mesmo. Eles encontraram fortes indicadores de que a exposição a ambientes naturais nas atividades educativas são bastante eficientes na redução dos sintomas de atenção (TAYLOR & KUO, 2009).
Os estudos que relacionam o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, cujo sintoma mais predominante é a capacidade de “atenção” indicam que o TDHA está associado à falta de contato com a natureza e de hábitos saudáveis de alimentação, ou seja, se tivéssemos mais proximidade com parques, praças e áreas verdes de modo geral seríamos seres humanos mais focados, atentos e tranquilos. (MARTINS et al, 2019, ARCO VERDE, 2013). Tal desconexão com a natureza e seus efeitos para os seres humanos deram origem ao Transtorno do Déficit de Natureza (LOUV, 2016) sendo que ambos os transtornos poderiam ser tratados com a prescrição de tempo verde ou de terapia da natureza.
Gordon et al (2018), em seu artigo Mindfulness na Natureza descrevem algumas formas contemplativas de trabalhar a atenção plena na natureza. Os autores concluem que a prática do mindfulness nestes ambientes, além de ser restaurativa, melhora os níveis de atenção da pessoa além de que tem efeitos positivos sobre condições psicológicas, físicas e sociais. Acrescenta que o mindfulness em ambientes de natureza selvagem parece ser mais benéfico do que em ambientes cultivados.
Retama (2025), mais recentemente, afirma que os banhos de bosque ou atividades que levam pessoas à natureza para se conectarem a ela, são uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde e o bem estar pessoal.
A maioria dos autores pesquisados afirma que a natureza provê efeitos positivos na saúde e bem-estar das pessoas expostas e que os trabalhos de mindfulness nas áreas verdes contam com estes recursos facilitadores. Poucos artigos, entretanto, se detém na compreensão dos mecanismos adjacentes à melhora do bem-estar, relaxamento, e maior facilidade de atenção quando as ferramentas de mindfulness são utilizadas em ambientes externos, o que veremos mais detalhadamente no próximo capítulo.
2.2.1. OS EFEITOS POTENCIALIZADORES DA NATUREZA
Como visto nos capítulos anteriores, a natureza é considerada, naturalmente, um ambiente restaurador, que facilita a recuperação da fadiga diária cognitiva e a literatura que demonstra e foca nesses efeitos é abundante (GORDON et al 2018; KAPLAN et KAPLAN, 1982, ULRICH, 1983), muito embora estas focam nas experiências visuais-espaciais: fotos, vídeos, apps destes ambientes. O interesse deste trabalho é buscar as referências tanto dos aspectos visuais mas também os não-visuais dos ambientes restauradores, cujas pesquisas ainda são limitadas, mas que demonstram, assim como nos aspectos visuais, importantes ecossistemas que podem apoiar na reabilitação emocional e bem-estar ( FRANCO et al, 2017).
Se nosso estímulo de vida moderno e super estimulante pode esgotar os recursos de atenção levando à fadiga cognitiva e mal humor, e se, segundo a Teoria da Restauração da Atenção (ART) a natureza, por sua vez, é menos ameaçadora , mais excitante e rica em elementos que fascinam as pessoas com sua estética, vamos ampliar este conceito acrescentando os efeitos das cores, ritmos, sons e outros que, naturalmente, de forma involuntária e sem esforço, facilitam a recuperação dos processos mentais , entre eles a atenção, e promovem melhorias a partir da atenção focada em cada uma destas variáveis, o que veremos no capítulo a seguir.
Chamaremos de contribuição passiva qualquer conexão com os espaços naturais que ofereçam bem-estar como: retirar os calçados mantendo os pés em contato com a terra ( aterramento) ou de respirarmos o ar puro e ouvirmos os sons, ou seja, de buscarmos trilhas, acampamentos, banhos de mar e cachoeira, que afetam involuntariamente a saúde do corpo e das emoções. E de contribuição ativa quando o indivíduo, além de receber esta energia da natureza ainda se envolve de forma consciente e voluntária como por exemplo: parar para contemplar as ondas do mar e os movimentos das folhas, a cor do céu, fechar os olhos intencionalmente e buscar os aromas presentes, buscar as sensações do pé em contato com a terra gelada/aquecida, e assim por diante. Estas, ferramentas de mindfulness, que podem ser realizadas em ambientes externos e que assumem um caráter ativo, fundamental e principalmente, potencializador dos efeitos passivos.
Nas próximas seções vamos apresentar cada um destas características físicas e processos químicos e biológicos da natureza de forma separada e levantar os por quês e comos ocorrem estes efeitos potencializadores, segundo os autores pesquisados.
2.2.1.1. OBSERVANDO AS CORES DA NATUREZA: VERDE, AZUL E BRANCA
Estamos envoltos num universo de cores. E como tudo o que existe vibra, as cores também. Elas são constituídas por frequências de comprimento de onda curtas ou também chamadas de cores “frias”, que são mais agradáveis ao cérebro como a cor azul e o verde e de comprimento de ondas compridas ou “quentes”, como a cor vermelha. Os efeitos emocionais que as cores exercem sobre os seres humanos vão desde o prazer até o medo, raiva e desprezo (Heller, 2022). É sabido que as áreas de marketing e publicidade se utilizam da neurociência para motivar comportamentos de compra expondo clientes a variadas cores e a cromoterapia, buscando efeitos de cura. Algumas, como o verde e o azul, acalmam e outras, como o vermelho e o laranja excitam e podem influenciar o ser humano. (BABIN et al, 2003). Vale lembrar que quando estamos em ambientes externos naturais, duas cores predominam: as plantas e suas folhas verdes, o céu azul com ou sem nuvens brancas. Quando estamos no mar, lagos e rios, ou seja, ambientes aquáticos são estas mesmas cores que mais se destacam. Qual a influência destas cores predominantes, o azul, o verde e o branco, no cérebro e nas emoções humanas, segundo os autores?
Segundo Heller (2022) o azul é uma cor que remete à calma, tranquilidade, estabilidade e serenidade. Ela tem um efeito calmante sobre as emoções e é frequentemente vista como uma cor relaxante. Associada à água e ao céu, o azul cria uma sensação de expansão e liberdade. Além disso, está ligada a características como confiança, segurança e inteligência.
Para Pastoreau (1997), o azul é a cor do infinito, do longínquo, da evasão e do sonho por isso mesmo, evoca sentimentos como o da boa reputação, simpatia, amizade, prazer, estabilidade, lealdade, harmonia, paz, descanso, relaxamento, calma, passividade e confiança. Já a cor verde está associada à natureza, crescimento, renovação e equilíbrio. Além disso, o verde é relacionado à saúde e ao bem-estar. Além disso, representa o início, a vontade de começar algo novo. (HELLER, 2022). Pastoreau (1997, p. 158-159) demonstra que as cores possuem aspectos positivos e negativos. Os aspetos positivos da cor verde são: cor ácida, do destino, do acaso, da esperança, da ecologia, da higiene, da saúde, da frescura, da juventude, da permissão e da liberdade e os negativos: é cor do diabo, do estranho e do veneno. A cor branca é associada desde sempre à pureza e à inocência, à paz, mas também é vista como a soma de todas as cores da luz, no sentido científico (HELLER, 2022).
Heller, (2022) apresenta os efeitos gerados pelas cores quando estas são apresentadas de forma isolada e em conjunto a outras cores. Destaca que a cor verde possui um efeito calmante sobre as emoções, principalmente quando está associada ao branco e ao azul.
Será por acaso que as pessoas preferem se envolver em atividades externas quando o tempo se apresenta com sol, céu azul com ou sem nuvens brancas? A bibliografia pesquisada confirma este comportamento natural e motivador da opção por eventos fora de casa em dias de céu azul com nuvens brancas. As pessoas se alegram e se expressam mais. Ao contrário do que ocorre em dias cinzentos e nublados, estes tendem a uma maior introspecção.
Baseada em trabalhos publicados e na experiência da autora, conclui-se que existe uma predisposição na natureza e suas cores, as quais provêm calma, tranquilidade, saúde e bem-estar. Estas são variáveis importantes que justificam o poder dos trabalhos de mindfulness em ambientes externos e naturais, mais especificamente, nos estágios iniciais focados nos canais sensoriais e neste caso, a visão. Trilhas, montanhas e ambientes externos são constituídos principalmente pela cor verde de árvores e plantas que estão relacionadas na literatura ao bem-estar e à saúde. O azul do céu quando se apresenta com nuvens brancas, oferece ainda maior calma e tranquilidade.
Para Ribeiro (2020), o significado da cor é contextual. “As cores só têm significado quando são utilizadas num contexto. É a utilização que lhes dá sentido”. (RIBEIRO, J, 2020, p.29) Estamos distantes da natureza, mas em tempos remotos, fomos criados e nos desenvolvemos em equilíbrio e tranquilidade sob o céu azul com nuvens brancas e florestas verdes abundantes. Isso pode explicar o sentido que os seres humanos dão e por que se conectam de forma impactante com as 3 cores mais predominantes dos ambientes externos naturais. Rodrigues (2020) defende, na teoria da evolução biológica, que as respostas emocionais às cores podem estar enraizadas em nossa herança biológica.
2.2.1.2. OBSERVANDO OS MOVIMENTOS DAS PLANTAS E DAS ÁGUAS
Espaços azuis são denominados locais que possuem água como o mar, rios e fontes ou lagos em cidades, segundo o BlueHealthy. Estes trazem benefícios comprovados por suas pesquisas à saúde física e mental das pessoas. O BlueHealthy é um projeto europeu que motiva os órgãos governamentais a criarem espaços azuis nas cidades. Como por exemplo, o trabalho de Wheeler et al em 2012, que demonstram que pessoas que vivem próximas a espaços azuis são mais saudáveis física e mentalmente do que as que vivem mais distantes. Os autores reforçam que vários aspectos interagem e que juntos, geram esses efeitos: observar a água e seus movimentos assim como ouvir os ruídos que ela emite também acalmam, e no caso do mar e dos rios, eles liberam componentes químicos, os íons negativos, que são saudáveis. Pode-se inferir, baseados nestas conclusões, que os movimentos das águas, incluindo as ondas do mar geram o mesmo comportamento de fascínio e encantamento nas pessoas, como levantado por Kaplan & Kaplan a respeito das plantas nas áreas verdes.
Neste sentido, pesquisadores da Universidade da Califórnia compararam a pressão do sangue em indivíduos expostos durante um tempo, à visualização de três fotos: das águas de uma piscina, uma árvore e um sinal de trânsito numa rua com carros. Os resultados indicaram que a observação da água diminuiu a pressão do sangue comparado à exposição ao verde e ao ambiente urbano sem água. (COSS et al, 2022).
Além da contemplação das águas, que interferem na saúde física e mental, as reações químicas geradas pelas partículas de ar em cachoeiras e no oceano também afetam a saúde e foram estudadas por Jiang et al (2018) que explicam que os NAIS (íons negativos do ar) são gerados a partir da colisão das gotas de água com as moléculas de ar circundantes, carregando-as negativamente.
Ou seja, a exposição a ambientes naturais oferece múltiplos fatores potencializadores da saúde, no caso das águas e das plantas, que, além de encantar com sua estética e movimentos, geram íons negativos que permanecem no ar, e que influenciam positivamente as pessoas. Franco et al (2017) reforça os efeitos benéficos para os seres humanos, ajudando a fortalecer o sistema imunológico, melhorando o bem-estar e reduzindo o estresse.
2.2.1.3. RESPIRANDO E RECEBENDO A MEDICINA DO AR E DA ÁGUA
O ar é a camada que reveste o planeta com a função ecológica de ser um reservatório do oxigênio, elemento utilizado na respiração dos seres vivos; o dióxido de carbono (gás carbônico), elemento principal da fotossíntese e o nitrogênio, elemento básico da composição das proteínas. Os três, componentes indispensáveis à sustentação da vida, segundo Malhadas et al (2001). Em sua pesquisa sobre a qualidade do ar e sustentabilidade eles definem “poluição do ar” como a mudança na composição básica do ar causada pela emissão de poluentes, impróprios ou inconvenientes à saúde, à vida animal e vegetal e ao bem estar público. Há poluição do ar quando seus constituintes são capazes de provocar efeitos prejudiciais ou originar doenças.
Os autores apresentam as agressões existentes à saúde pela exposição a ambientes poluídos e reforçam que respirar ar limpo é a grande meta para a preservação da saúde e do meio ambiente.
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005 apud RAPOSO Jr. et al, 2018) estima que no Brasil, a poluição atmosférica cause cerca de cinco vezes mais mortes que o tabagismo passivo e que sete milhões de pessoas morram todos os anos em decorrência da poluição ambiental. Os poluentes penetram nos pulmões e no sistema cardiovascular, aumentando a incidência de acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e infecções respiratórias. A OMS aponta a poluição do ar como um fator de risco importante para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), causando cerca 24% das mortes por doenças cardíacas, 25% por acidentes vasculares cerebrais, 43% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 29% por câncer de pulmão. Os autores apresentam a conclusão de seu trabalho indicando que a população no Brasil vive riscos de saúde baseados nas normas padronizadas, pois elas não garantem a saúde da população. Para eles, os limites de proteção dão uma falsa sensação de proteção.
Ribeiro e Assunção, em 2002, estudaram os efeitos deletérios das queimadas sobre a saúde física das pessoas e assim como todos os autores pesquisados constatam que a poluição do ar tem efeitos negativos para a saúde e o bem-estar humano.
Sobre a fotossíntese realizada pelas folhas de árvores e plantas, Kluge et al, (2014) entendem que este processo é, sem dúvidas, um dos mais importantes para a manutenção da vida no planeta. Este envolve não somente as áreas verdes mas também o sol, que libera sua energia radiante, e é capaz de impulsionar o aparato fotossintético das plantas e produzir carboidratos que serão utilizados no processo respiratório.
Segundo Franco et al, (2017), há evidências de mais caminhos distintos para os benefícios das experiências da natureza que não se enquadram perfeitamente em um dos sentidos, mas em vários, e que só estão presentes na atmosfera dos espaços verdes: os phitoncidas e os íons negativos. Os phitoncidas estão presentes em muitas árvores e plantas, como pinheiros, cedros e eucaliptos e são substâncias naturais liberadas por estes. Eles possuem propriedades antimicrobianas, ou seja, protetivas contra infecções causadas por bactérias, fungos e outros microorganismos. E também têm efeitos benéficos para os seres humanos, ajudando a fortalecer o sistema imunológico, melhorando o bem-estar e reduzindo o estresse. Os íons negativos de oxigênio do ar (ou íons negativos de oxigênio) são moléculas de oxigênio que adquiriram uma carga negativa, geralmente após interações com partículas presentes no ambiente, como água, poeira ou radiação. Eles são encontrados em abundância em áreas naturais, como florestas, cachoeiras e praias, devido à ação do vento e da água. E possuem efeitos de melhora do humor e redução do estresse e ansiedade, aumentam a energia e a concentração e foco, melhora na qualidade do sono, aliviam doenças respiratórias e purificadoras do ar.
Baseados nestes efeitos, Arora et al (2012) realizaram uma pesquisa com adolescentes para estudar o impacto dos íons negativos do ar na atenção seletiva e sustentada destes e revelaram que a apresentação de íons negativos durante 10 dias foi capaz de aumentar seus níveis de atenção.
Segundo os autores pesquisados, a natureza se constitui predominantemente de plantas que realizam a fotossíntese (KLUGE et al, 2014) e emitem phitoncidas . Quando estamos nestes ambientes, estamos envoltos em filtros naturais que melhoram a qualidade do ar purificando-o, removendo poluentes e toxinas, liberando oxigênio e também partículas que de forma passiva criam maior predisposição aos trabalhos de mindfulness pois acalmam e relaxam (FRANCO et al, 2017).
Autor do livro Reverse Aging, (WHANG, Sang, 1991) é um defensor da água alcalina ionizada. Ele argumenta que a água ionizada pode ajudar a retardar o envelhecimento e melhorar a saúde, pois acredita-se que ela neutraliza os radicais livres no corpo.
Os japoneses foram os primeiros estudiosos da Kangen Water que significa retorno à origem, em homenagem às máquinas de ionização de água que oferecem a conveniência de filtrar a que vem da torneira e ainda transformá-la em água com alto PH, ou alcalina. Os efeitos da administração da água ionizada segundo Raju et al, 2023, são principalmente anti-inflamatórios pois diminuem os radicais livres. Baseados nestes estudos, os autores indicam a administração de água e ar ionizados para moradores de centros urbanos através de equipamentos disponíveis no mercado.
Está cada vez mais evidente a necessidade de reconexão dos humanos com a natureza. A própria criação de tecnologia neste sentido, traz implícito o quanto podemos nos beneficiar em relação à saúde física, mental e emocional se estivermos próximos e juntos a ela. O mesmo podemos dizer em relação às terapias de reabilitação de pessoas, incluindo o objeto deste estudo, o mindfullness.
2.2.1.4 OUVINDO OS SONS DA NATUREZA
Woo et al, 2008 analisaram as características físicas sonoras do som do oceano e concluíram que este tem características semelhantes ao ruído branco, constituído por uma ampla faixa de frequências. Um achado importante refere-se à distribuição de frequências, pois estas se assemelham às ondas delta que são um tipo de onda cerebral de baixa frequência, geralmente associada a estados de sono profundo e de relaxamento intenso. As ondas delta têm uma frequência de 0,5 a 4 Hz e são as ondas cerebrais mais lentas. Elas são predominantes durante o sono de ondas lentas (fase N3), essencial para a regeneração física e mental do corpo. Elas também podem ser observadas em estados de meditação profunda e em alguns tipos de práticas de relaxamento, como a hipnose. O aumento da atividade das ondas delta pode estar relacionado à recuperação e ao bem-estar geral do cérebro. Seus achados concluem que esta é a causa das condições estáveis e confortáveis que a exposição ao mar acarreta nas pessoas.
Alvarson et al (2010) realizou uma pesquisa com o intuito de explorar os efeitos dos sons na recuperação fisiológica da ativação simpática após estresse psicológico. Seus resultados indicaram que a recuperação é mais rápida quando indivíduos foram expostos aos sons de cachoeira e passarinhos cantando contraposto aos sons de tráfego de carros da cidade.
Jahncke et al, em 2015 demonstraram que os sons naturais possuem maior potencial restaurativo que sons de escritório ou ruídos da cidade. Os resultados também demonstraram que a “exposição ao silêncio”, assim como os sons do vento nas árvores e o silvar dos pássaros, além de promover certo fascínio, oferecem descanso para os processos cognitivos de atenção dirigida e controlada.
Buxton et al (2020), em sua revisão bibliográfica sobre os efeitos da exposição das pessoas aos sons da natureza, concluíram que estes melhoram a saúde, ajudam a regular as emoções negativas e diminuem o estresse e mal-humor.
É importante considerar que estes dados corroboram com a maioria dos estudos que documentam os benefícios da exposição à natureza aos outros estímulos sensoriais, como visto nos capítulos anteriores, ou seja, assim como as cores e os movimentos das plantas e das águas acalmam, os sons produzidos pela natureza e animais também promovem bem-estar e tranquilidade.
2.2.1.5. SENTINDO PELO OLFATO: OS AROMAS
O olfato é um dos sentidos que menos prestamos atenção, mas esta faculdade sensorial é responsável por sensações de prazer, desprazer e até mesmo de proteção. Alguns aromas afetam o Sistema límbico e acalmam, outros nos deixam mais focados, como demonstram as pesquisas ligadas à terapia de óleos essenciais.
A aromaterapia demonstra que os óleos essenciais alteram os estados emocionais e mentais devido às propriedades voláteis. Diego et al (1998) pesquisaram as respostas do estado de humor e alerta em adultos usando a lavanda-calmante e alecrim-excitante. O grupo lavanda apresentou aumento do poder beta no E.E.G, sugerindo aumento da sonolência, tinha menos humor deprimido (POMS), relatou sentir-se mais relaxado e realizou os cálculos matemáticos com mais rapidez e precisão após a aromaterapia. O grupo do alecrim, por outro lado, apresentou diminuição da potência alfa e beta frontal, sugerindo aumento do estado de alerta. Eles também tiveram pontuações mais baixas de ansiedade-estado, relataram sentir-se mais relaxados e alertas e foram apenas mais rápidos, mas não mais precisos, ao completar os cálculos matemáticos após a sessão de aromaterapia.
Quando estamos em ambientes externos naturais, o ar puro e a liberação dos phitoncidas pelas cachoeiras, rios, pelas águas do mar e plantas, como explicado nos capítulos anteriores, por si, só exercem os efeitos passivos e potencializadores de bem-estar. Árvores como eucaliptos e ciprestes (pinheiros) são os que mais expelem os phitoncidas na natureza e cujo aroma marcante costuma atrair a atenção das pessoas nestes ambientes.
Por outro lado, quando estamos buscando uma conexão ativa para o desenvolvimento de maior atenção e presença, este sentido pode ser melhor explorado. Pode-se motivar as pessoas a se aproximarem das flores para perceber seus aromas e os frutos das árvores. Eucaliptos e ciprestes, como indicado acima, são as que mais expelem phitoncidas e são as árvores que mais percebemos em áreas verdes por seu aroma forte e característico. A experiência da autora na condução de pessoas para aventuras em cavernas, (ambientes húmidos) demonstra que as pessoas se encantam com os aromas, chamando-os de umido. A oclusão dos olhos nas práticas sensoriais olfativas promovem uma experiência ainda mais potente.
2.2.1.6.O SENTIDO DO TATO E A PROPRIOCEPÇÃO NA NATUREZA
Se o olfato é um dos sentidos menos utilizados pelas pessoas, o que dizer do tato? menos ainda! Afinal, só fechamos os olhos quando dormimos e em breve momentos quando sentimos grandes emoções. E mesmo assim, no dia a dia, raramente buscamos, de forma voluntária, prestar atenção às sensações táteis.
Quando fechamos os olhos de forma consciente e procuramos sentir o corpo através do tato, como proposto nas fases iniciais do trabalho de mindfulness, praticamos a habilidade somática sensorial que integra todos os sentidos, ou seja, não somente o tato mas a percepção das partes do corpo, seus órgãos e movimentos, a que denominamos propriocepção. O trabalho do tato, precede, portanto, o da propriocepção, sendo que este envolve somente a captação das características físicas a partir da pele como a temperatura, a densidade, os movimentos etc. Já a interocepção nível perceptivo mais sofisticado, envolve não somente as partes do corpo e órgãos, mas o estado em que eles se encontram, aproximando o indivíduo da elaboração de como estão as suas emoções segundo Schleip & Jager, (2012). O pesquisador Craig A.D (2002), é um dos principais autores no campo da interocepção. Ele sugere que a interocepção é uma parte fundamental da consciência emocional e que as sensações corporais podem influenciar nosso comportamento e experiência emocional.
As habilidades interoceptivas se encontram diminuídas em pacientes com dor crônica, e a importância da abordagem do mindfulness é relatada por vários autores que indicam que as técnicas de atenção plena são eficientes na redução e regulação destes sintomas ( LERNIA, 2016; FRANCO et al, 2017).
A maior parte das pessoas vivem desconectadas dos ambientes naturais e pouco informadas a respeito de sua natureza biológica elétrica.(OBER et al, 2010). Imersas em níveis de poluição sonora e visual acima dos níveis indicados para a saúde e com grande predisposição à ansiedade, agitação mental e estresse, devido à agitação mental que quase se torna normal. É assustador quando se pergunta a uma pessoa como ela está? e a resposta é que ela está na correria, o que acontece em 95% dos casos. A isso se acrescenta o pouco contato com o solo, que se constitui numa das formas de troca de energia que a natureza oferece. Os calçados com solado de borracha, pneus de carro e toda a estrutura e conforto da vida nas cidades os desconectam ainda mais da terra. Estudos recentes indicam que o aterramento (earthing ou grounding em inglês) que se constitui em se manter em contato direto com o solo por um bom tempo, sem calçados, sentado no chão ou se banhando no mar e em cachoeiras, é uma forma natural e eficiente para se recuperar a saúde e o bem-estar. A superfície da terra possui uma carga elétrica negativa, enquanto nossos corpos tendem a acumular cargas positivas e deletérias do meio ambiente. Quando fazemos contato direto com a terra, permitimos a transferência de elétrons e neutralizamos, de forma eficiente, a carga positiva de nossos corpos. Segundo Ober et al (2010), os benefícios do grounding são variados e incluem a regularização dos níveis de pressão do sangue, da inflamação do corpo, de dores e até melhora do sono. Além disso, acalma o sistema nervoso central e diminui os hormônios do stress.
Enquanto as plantas e as águas emitem íons negativos, a terra entrega estes íons, diretamente aos nossos corpos.
Pode-se aproveitar a estadia nos ambientes naturais e potencializar esta sensação somática pedindo, que de forma voluntária, as pessoas prestem atenção a seus pés em contato com variadas densidades de solo: pedras, terra, folhas ou mesmo às partes de seu corpo que tocam o solo. Da mesma forma, podemos trazer às mãos folhas, a própria terra ou água e sentir sua temperatura e densidade, realizando um trabalho criativo usando as características físicas da natureza circundante.Sentir o calor do sol ou o vento tocando a pele costuma ser uma atividade prazerosa e que acalma, pois são interpretados como carinhos recebidos pela natureza, segundo a experiência da própria autora.
Dependendo do nível de desenvolvimento do trabalho em mindfulness, podemos acender os níveis de atenção do corpo para as sensações físicas como dores, tensões e posteriormente, para os aspectos cognitivos e metacognitivos, ou seja, onde sinto e o que sinto, sem julgamento ( WILLIAMS e PENMAN, 2011).
À medida que evoluímos na compreensão dos benefícios de estarmos conectados à natureza e seus elementos, fica evidente que a conexão precisa ser bem mais do que contemplar, sentir os odores e ouvir seus sons, mas também se aproximar do solo sem calçados, sentir o calor do sol e os movimentos do vento na pele, sensações que podem ser exploradas através do tato, diante da importância desta faculdade sensorial, pois, como explanam Schleip & Jager, (2012), ela nos encaminha para níveis de percepção mais sofisticados como a propriocepção e a interocepção, importantes fase do trabalho de atenção plena, no sentido da observação das próprias emoções, segundo Williams & Penman, (2011).
Nos espaços verdes devemos abrir mão de cadeiras, calçados e tudo que nos afasta da atenção à natureza, em outras palavras, da atenção a nós mesmos, numa volta para nossa casa
A revisão bibliográfica que aponta os benefícios das atividades e da permanência em ambientes naturais, em sua maioria, foram realizados no exterior, o que indica a necessidade de maiores esforços científicos neste sentido, no Brasil.
Entretanto, a realidade dos centros urbanos dentro ou fora de nosso país é que se vive envolto a níveis de poluição visual, sonora e do ar deletérios, assim como altas demandas cognitivas e emocionais que estão causando níveis nunca antes registrados de ansiedade e depressão. Urish, em 1983, postula que a exigência ligada ao excesso de tomada de decisões pode causar estresse e que ambientes restaurativos como água, vegetação, principalmente gramados e árvores promovem a recuperação psicofisiológica a este.
A vida agitada dos dias atuais demonstra pessoas nutrindo emoções negativas com maior frequência, que estão gerando essas mudanças fisiológicas e inclusive déficits de atenção, como defendeu Kaplan et Kaplan em 1989. Eles apontaram aumento dos índices de fadiga da atenção associadas a muitas horas de atenção em tarefas, exposição ao estresse e o uso excessivo do mecanismo de inibir estímulos concorrentes (ambientes ruidosos e muitas preocupações ao mesmo tempo), que gastam esforço inibitório maior para suprir as atividades cognitivas.
Sim, o cérebro precisa de descanso para retomar a atenção e algumas horas na natureza são extremamente reparadoras.
Soma-se a esta condição de vida do homem nas cidades, o pouco contato com a natureza, a alta exposição aos íons positivos gerados pela tecnologia, eletrônicos e poluição, o uso de calçados com sola de borracha, cadeiras e objetos que nos distanciam da troca natural e necessária de íons negativos, a poluição do ar e a água não alcalina, dentre outros fatores.
Os ambientes verdes, diferente do caos urbano que vivemos, são tranquilos e equilibrados. Na sua essência, são formados por plantas, rochas, praias, rios, bosques, cachoeiras, entre outros elementos como o ar e o vento cuja constituição, processos e interação vistos neste artigo, restauram os seres humanos nos aspectos físicos, mentais e emocionais.
Pode-se concluir, pela pesquisa realizada, que as características físicas dos ambientes naturais como a cor verde das plantas, o azul do céu e o branco das nuvens percebidas pelo sentido da visão, acalmam. O som das águas e ondas do mar, que se assemelham às ondas delta, ligadas à meditação e estados de profundo relaxamento, assim como o vento soprando nas árvores e o silvar dos pássaros têm alto potencial para promover fascínio e uma sensação de distância cognitiva das responsabilidades diárias, que promovem descanso dos processos de atenção e são percebidos pelo sentido da audição, também acalmam e apoiam no processo da restauração do stress. A ação de contemplar os movimentos das águas (visão) e do vento tocando as folhas não só também tranquiliza, como oferecem, passivamente, advindos de seus processos químicos e biológicos e através do ar, os phitoncidas, que fortalecem o sistema imunológico, melhoram o bem-estar e reduzem o estresse e os íons negativos que melhoram o humor, reduzem o stress e ansiedade, aumentam a concentração e foco, melhoram a qualidade do sono e alivia doenças respiratórias. A qualidade do ar, nestes ambientes externos, além de tudo, é filtrado pelas plantas e é puro. Ao retirarmos os calçados para manter os pés em contato com a terra ou sentarmos diretamente nesta sem cadeiras, além de estimularmos o tato e todas as sensações provenientes (umidade, temperatura, densidade), naturalmente recebemos íons negativos e entregamos à superfície os positivos gerados pelos eletrônicos e celulares e que fazem mal à nossa saúde.
O trabalho de mindfulness centrado na atenção ao corpo em ambientes externos ricos em sons, cores, odores e movimentos naturais das plantas, águas, terra e todos os elementos da natureza pode ser potencializado de duas formas: a contribuição passiva, aproveitando os benefícios de saúde que a permanência nos espaços verdes entregam através de seus processos químicos e biológicos. A outra forma é a contribuição ativa, quando se motiva as pessoas presentes nestes espaços alternativos a focarem e perceberem com maior atenção os eventos utilizando seus sentidos de forma isolada. A seguir, pode-se promover a percepção do corpo, “fechando as janelinhas da casa”, o que o autor se refere à exclusão dos 5 sentidos para que se possa interagir com o “próprio corpo no escuro”, que é a propriocepção.
É importante destacar a característica envolvente e motivadora da beleza da natureza que promove encantamento e emoção, comportamento pouco observado nos ambientes urbanos. Sabe aquele “uau”, que lindo!" Ao ver montanhas com picos de gelo, lagos transparentes, cachoeiras volumosas, ou florestas de cores tom sobre tom? Estas experiências emocionais automaticamente ativam o sistema límbico e o parassimpático, facilitando o trabalho de atenção.
Os projetos que defendem a proteção da natureza e sustentabilidade no Brasil, são cada vez mais comuns no sentido de alerta às catástrofes que as ações humanas causam, mas, ainda inconsistentes no sentido de educar e motivar as pessoas a se reconectarem às suas origens reaprendendo a “cuidar de quem cuida de nós”: a natureza e seu funcionamento. Da mesma forma, os por quês a natureza encanta, emociona e potencializa a conexão das pessoas e os trabalhos de mindfulness, aqui no Brasil ainda são insuficientes. Principalmente pois os estudos feitos na Europa, Estados Unidos e Ásia, na maioria são realizados com fotos, aplicativos, vistas de janelas ou praças (ambientes urbanos) e não naturais, que se diferenciam pela exclusão da contribuição passiva da natureza levantada por este autor, que é uma forte variável a ser considerada.
Que se possa aprender e não somente receber dos espaços naturais. Que a observação das suas características e processos ajude a entender as leis que regem a organização da natureza e que estão alinhadas ao universo: de ajuda e partilha. E que, ao retornar e se reconectar à natureza, como fazia o ser humano há centenas de anos, “que ele volte para casa, abra e depois feche as janelas de seus sentidos” e vá ao encontro de sua natureza original: presente e em atenção plena.
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